Páginas

domingo, 27 de março de 2011

Passoas mais velhas em Vila Mariana


Idosos e Vila Mariana

A população em geral ainda não se concientizou da mudança antropológica que a espécie humana está sofrendo, graças as novas descobertas científicas e técnicas e a educação: as pessoas poderão viver até 90 anos. As mulheres, por exemplo ficam avós e se ‘aposentam’ aos 60 quando estão ainda jovens e fortes e podem agora viver e atuar por mais 30 anos. Um terço de suas vidas. Os mais idosos não tem consciência de sua importância, porque ela não é enxergada pela sociedade. Quatro gerações estão agora na terra com direitos e deveres iguais. Nas três novelas da Globo passando agora as quatro gerações aparecem e interagem, cada qual vivendo os seus próprios problemas, que são inter-relacionados.


A população do Brasil está envelhecendo.
O Brasil está tornando-se um país mais velho.
Vila Mariana é um bairro tradicional, onde famílias residem desde o início do século passado. Com o tempo, as crianças foram crescendo e com o desenvolvimento da cidade, se mudando para bairros mais modernos quando casaram. Em cada geração filhos foram ficando menos numerosos. Os pais vão envelhecendo, geralmente sózinhos ou com
pouca companhia da família. E os pais foram vivendo mais a cada ano.
Vila Mariana tinha 62.313 pessoas maiores do que 60 anos em 2.009. Segundo o SEADE, em 2.014 mais 22.016 habitantes de Vila Mariana serão maiores do que 60 anos. Mesmo considerando as pessoas que irão nascer e morrer até lá, será um aumento considerável na população mais idosa do bairro.

As pessoas mais idosas tem muitos problemas decorrentes da visão estereotipada que a sociedade tem do envelhecimento. Velhos por definição são esquecidos, feios, incapazes, doentes, estúpidos, fedidos e amolantes. Essa visão está gravada no inconsciente das pessoas, antes mesmo delas virem a conhecer uma pessoa mais velha. O maior elogio que se faz ao idoso é que ‘êle ainda está lúcido!?!’?

A cultura da beleza e da juventude não colabora para a mudança dessa imagem.

A maioria dos habitantes de Vila Mariana é de classe média ou alta, donde pode se deduzir que tenham meios próprios para se manter.
A maioria das pessoas idosas que conhecemos no entorno do Ecobairro vivem em suas casas há mais de quarenta anos, os companheiros morreram, os filhos casaram e moram longe, e vivem sózinhas, com medo de sair a rua devido a violência do bairro, ou por se sentirem inseguras devido a sua idade mais avançada. Em muitas se observa uma atitude de depressão. Em reuniões de família a sua opinião não conta, o que aumenta a sua tristeza. São apenas toleradas, como objetos velhos.

Vila Mariana é um bairro com muitos declives. A Sub-Prefeitura está reformando algumas ruas e praças para melhorar a mobilidade das pessoas. Essa falta de mobilidade torna os idosos ainda mais isolados, e deprimidos.

A situação das pessoas idosas mais pobres, habitantes das favelas e dos cortiços locais, é de uma solidão menor, porque vivem juntos de familiares e cuidam de netos ou filhos de vizinhos enquanto os pais estão trabalhando. Muitas delas ainda trabalham de uma forma ou outra porque são arrimos de família e a aposentadoria não é suficiente. Mesmo assim, seus filhos e netos não as tomam como exemplo, porque querem estudar e se modernizar para não ficarem na posição delas quando forem mais velhos.

Idosos se preocupam muito com doenças, especialmente o Alzheimer. Pensam nisso frequentemente. Doença muitas vezes é psicossomática, uma maneira de chamar a atenção ou pretexto para sair e ir ao médico.

Dentre os problemas comuns aos idosos em geral, não só os de Vila Mariana, além da preocupação obsessiva com a saúde e com o Alzheimer, temos:
• Baixa auto-estima
• Baixa assertividade
• Dificuldade na comunicação com os filhos, netos e amigos mais novos
• Falta de participação na vida familiar
• Falta de adaptação as novas realidades da era digital
• Sensação de ser um rejeito da família e da sociedade, sem utilidade mais nenhuma.
• Medo de tudo, especialmente da não aceitação
• Sensação de rejeição pelos outros: tende-se a tratar os idosos como crianças, patronizando-os, e eles detestam esse tratamento discriminatório.
• Falta de aplicação de sua experiência de vida na sua família e na vizinhança: esse é um problema para a sociedade: os idosos tem experiência de vida de um período em que se vivia com menos, plantava-se a sua horta e se cuidava do meio ambiente. Idosos são intrínsicamente sustentáveis. Esse know-how é desprezado pela família e pela vizinhança.
• Falta de vontade de participação na sociedade, devido a contínua rejeição pela sociedade causada por paradigmas viciados: instintivamente as pessoas tratam os idosos com paternalismo como se fossem crianças, o que eles detestam. Então se afastam.
• Falta de sensação de cidadania, apesar de conhecerem os direitos dos idosos. A sociedade os impede de cumprir os seus deveres, por que não os aceita.
• Necessidade de ser útil e de cumprir o seu dever para com a sociedade, utilizando o seu capital social para a melhoria do mundo.

Fazer exercícios, bailes, bingos e bolos ou viajar bastante não lhes tira a sensação de inutilidade, de serem rejeitos da sociedade

A consequência maior dessa série de situações para a sociedade é a perda do capital social de parte importante da sociedade, que tem muito a contribuir para a melhoria do mundo.

Nenhum comentário: